{ Resenha #163} Poética - Ana Cristina Cesar
08:00
Titulo: Poética
Autora: Ana Cristina Cesar
Editora: Companhia Das Letras
Páginas: 504
Avaliação: 5/5
Sinopse:
devagar escreva
uma primeira letra
escrava
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano da boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro
olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais.
Nada, Esta Espuma
Por afrontamento do desejo
insisto na maldade de escrever
mas não sei se a deus sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia.
Eu realmente não tenho muito o que falar sobre esse livro, pois ainda estou tentando achar palavras para descreve-lo e como a nossa amiga Hazel Grace, da Ana Cristina Cesar eu leria até a lista de compras. Espero que tenham gostado da resenha e leiam esse livro.
Autora: Ana Cristina Cesar
Editora: Companhia Das Letras
Páginas: 504
Avaliação: 5/5
Sinopse:
Ana Cristina Cesar deixou em sua breve passagem pela literatura brasileira do século XX uma marca indelével. Tornou-se um dos mais importantes representantes da poesia marginal que florescia na década de 1970, justamente pela singularidade que a distanciava das leis do grupo. Criou uma dicção muito própria, que conjugava a prosa e a poesia, o pop e a alta literatura, o íntimo e o universal, o masculino e o feminino pois a mulher moderna e liberta, capaz de falar abertamente de seu corpo e de sua sexualidade, derramava-se numa delicadeza que podia conflitar, na visão dos desavisados, com o feminismo enérgico, característico da época. Entre fragmentos de diário, cartas fictícias, cadernos de viagem, sumários arrojados, textos em prosa e poemas líricos, Ana Cristina fascinava e seduzia seus interlocutores, num permanente jogo de velar e desvelar. Cenas de abril, Correspondência completa, Luvas de pelica, A teus pés, Inéditos e dispersos, Antigos e soltos: livros fora de catálogo há décadas estão agora novamente disponíveis ao público leitor, enriquecidos por uma seção de poemas inéditos, um posfácio de Viviana Bosi e um farto apêndice. A curadoria editorial e a apresentação couberam ao também poeta, grande amigo e depositário, por muitos anos, dos escritos da carioca, Armando Freitas Filho. Dos volumes independentes do começo da carreira aos livros póstumos, a obra da musa da poesia marginal reunida pela primeira vez em volume único ainda se abre, passados trinta anos de sua morte, a leituras sem fim.
Nascida em 1952, Ana começou a "escrever" antes mesmo de se alfabetizar quando ditava e sua mãe datilografava. Ela foi formada em letras pela PUC- Rio, mestre em comunicação pela UFRJ e em teoria e prática de tradução literária pela Universidade de Essex, na Inglaterra. Aos 30 anos Ana C. morreu jogando-se da janela do apartamento que morava no 8º andar.
Até hoje eu tento achar uma palavra que defina Ana C. e sua obra. Devo confessar que não era um dos maiores fãs de poesias e poemas, mas depois de ler poética tenho apetite por esse estilo literário. Poética nada mais é que o conjunto da obra da poetisa carioca. Eu achei esse livro por indicação de um vendedor amigo na livraria da minha cidade e quando abri o livro e li um de seus poemas eu me apaixonei, tanto pela autora quanto pelo seu jeito único de escrever.
Flores do mais
devagar escreva
uma primeira letra
escrava
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano da boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro
olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais.
Poética junta as obras já publicadas e também inéditas sendo dividindo assim: Cenas de Abril, Correspondência Completa, Luvas de Pelica, A Teus Pés: prosa/poesia, Inéditos e dispersos: poesia/prosa, Antigos e Soltos: poemas e prosas da pasta rosa, Visita à Oficina.
Nada, Esta Espuma
Por afrontamento do desejo
insisto na maldade de escrever
mas não sei se a deus sobe à superfície
ou apenas me castiga com seus uivos.
Da amurada deste barco
quero tanto os seios da sereia.
As poesias de Ana C. te preenchem e tomam conta de ti de uma forma tão completa e bela que é difícil explicar tamanha genialidade dela. Não estou colocando-a em um pedestal, longe disso. Ana marcou a história da literatura brasileira, e tinha também um jeito bem peculiar de escrever e desordenado, onde mostra lapsos e cenas da vida, vida essa acompanhada de morte muita das vezes. O livro Poética tem uma capa que chama a atenção de todos pelo fato de ser em cores vivas e com letras em azul com uma diagramação boa e simples.
Poema datilografado de Ana Cristina Cesar, em agosto de 1958. (Arquivo Instituto Moreira Salles) |
Beijos, Luan Reis
- Colaboração e Participação de Luan Reis -
0 comentários